quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Dirofilariose canina: Uma ameaça para a saúde dos seres humanos e animais

A Dirofilariose é uma doença parasitária, transmitida por mosquitos infectados com formas jovens de Dirofilaria immitis (microfilárias), que se alojam e desenvolvem no ventrículo cardíaco direito, na artéria pulmonar e na veia cava, e podem chegar a medir entre 15 e 35 cm em comprimento.

Além de ser fatal para os cães, o verme do coração, pode ser transmitido aos seres humanos, sendo caracterizado, desde 1979, como uma zoonose pela OMS.

Apesar da doença não evoluir no homem, o parasita pode ficar alojado em diversos órgãos, principalmente nos pulmões, e provocar o aparecimento de nódulos. Não há sintomas clínicos ou tratamento específico. Geralmente essas tumorações são descobertas em exames de rotina e muitas vezes não podem ser diferenciadas de uma neoplasia, o que pode direcionar os pacientes a cirurgias desnecessárias.

A infecção possui distribuição mundial tendo sido relatada em uma ampla variedade de animais, inclusive em gatos. Sua prevalência na região sudeste do país pode chegar a 52,5%2,3,6,7,8.

Portanto, proprietários de cães e gatos devem redobrar a atenção e os cuidados contra a doença, principalmente no verão e em locais onde há uma maior prevalência do vetor, já os animais portadores atuam como reservatório, permitindo sua perpetuação.

A transmissão faz-se através da picada dos mosquitos, principalmente os da espécie Culex pipiens, que ingerem as microfilárias junto ao sangue do cão infectado. Quando o mosquito pica outro cão, as larvas penetram a pele do mesmo, infectando um novo hospedeiro. Estas então migram até o coração, onde se desenvolverão até ao estágio adulto, o que ocorre em cerca de 6 meses.

Cerca de 70% dos animais infectados por D. immitis, não apresentam sintomatologia clínica evidente7, o que torna muito importante o seu diagnóstico antes das manifestações patológicas, como forma de resguardar a saúde do animal e a dos que convivem com ele.

Quando presentes, os sintomas da doença são: intolerância aos exercícios, cansaço, tosse crônica, apatia, respiração ofegante e perda de peso, sendo progressivos e podendo evoluir para a morte. Além disso, a morte dos parasitas na circulação pode levar à ocorrência de tromboembolismo.

Como é realizado o diagnóstico?


O diagnóstico clínico não é possível uma vez que os sinais e sintomas da infecção podem ou não estar presentes, sendo necessária a utilização de exames laboratoriais específicos para a identificação do parasita.

As microfilárias, que estão presentes em aproximadamente 85% dos cães infectados, podem ser detectadas através da Técnica de Knott modificada1.
É recomendável, além da pesquisa de microfilárias, a realização de testes imunológicos para detecção de antígenos do parasita adulto na circulação5,6. A presença deste antígeno pode confirmar se o ciclo do parasita está completo e auxiliar no diagnóstico dos animais amicrofilarêmicos.

Prevenção e tratamento:


Solicite ao Clínico Veterinário que teste seu animal para que possam ser adotadas as medidas de prevenção adequadas e o tratamento dos animais parasitados. Resguarde a saúde de seu animal de estimação e a de sua família.

Referências bibliográficas

1. BARKER, G.C.; MERCER, J.C.; SVOBODA, J.A.; THOMPSON, M.J.; REES, H.H.; HOWELLS, R.E. Effects of potential inhibitors on Brugia pahangi in vitro: macrofilaricidial action and inhibition of microfilarial production. Parasitology.; v. 3, n. 99, p. 409-16. Dezembro, 1989.
2. GUERRERO, C.; GENCHI, A.; VEZZONI, J.D.; DE LAHITTE, J.; BUSSIERAS, F.A.; ROJO, L.M.; ORTEGA, A.; RODENAS, G.M.; BULMAN, M.H.; LARSON, N.; LABARTHE, T.: CHALES; E. BORDIN, Distribution of Dirofilaria immitis in selected areas of Europe and South America. In: Proceedings of the Heartworm Symposium. A. H. Society. p. 13-18. 1989.
3. GUERRERO, J.; HITTE, J.D.; GENCHI, C.; ROJO, F.; GOMES-BAUTISTA, M.;
VAREÇA, M.C.; LABARTHE, N.; BORDIN,E.; GONZALES, G.; MANCEBO, O.; PATINO, F.; URIBE,L.F.; SAMANO,R. Update on the Distribution of Dirofilaria immitis in dogs from Southern Europe and Latin America. In: Proceedings of Heartworm Symposium. p. 31-37. 1997.
4. GUERRERO, J.; MCCALL, J.W.; GENCHI, C. O uso de lactonas macrociclicas no controle e prevenção do verme do coração e dos outros parasitas nos cães e nos gatos. p. 353-369. 2002.
5. LABARTHE, N. ALMONSY, N., GUERRERO, J. et ai. Description. Of the ocurrence of canine dirofilariasis in the State of Rio de Janeiro, Brazil. Memórias do Instuto Oswaldo Cruz. v. 92, p. 47-51. 1997.
6. LABARTHE, N.; CAMPOS PEREIRA, M.C; BARBARINI, O; MCKEE, W; COIMBRA, C.A.; HOSKINS, J. Serologic Prevalence of Dirofilaria immits, Ehrlichia canis and Borrelia burgdorferi infections in Brasil, Veterinary Therapetics. v. 4, p. 67-73. 2003.
7. LANGENEGGER, J.; ALMEIDA, G.L.G.; LANGENEGGER, A.M. Ocorrência de microfilárias em cães do Rio de Janeiro. Veterinária. v. 15, n. 1-2, p. 59-70. 1962.
8. SOUZA, N.F. & LARSSON, M.H.M.A. Freqüência da dirofilariose canina (D. immitis) em algumas regiões do Estado de São Paulo por meio da detecção de antígenos circulantes. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária e Zootecnia. v.53, p. 321-325. 2001.